quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O cara certo

O CARA CERTO

Sabe quando a menina se vê, de repente, num corpo de mulher? Quanto mais rápido ocorre essa metamorfose, mais difícil segurar a cabeça, ainda mais se for num corpo como o da Tininha.
Meu, que mulher boa!
Eu tô falando mulher, pelo que a gente via, mas só tinha quatorze anos quando começou a namorar sério com o Élder, (ele tinha dezessete), era um grude!...
É lógico que não ficavam o tempo todo colados. Bem que eles gostariam, mas Élder, estudava para o vestibular e Tininha, longe disso, terminava o fundamental 2, sobrava tempo pra ficar deslumbrada. Deslumbrada inclusive com o sucesso que andava fazendo. Se ele não fosse meu amigo, eu até me juntaria à galera para azarar a gatinha. Eu me segurei, juro! O danado é que a Tininha provocava... Acho que ela, estava na fase de experimentar.

Por essa época, chegou um carinha novo na turma, o Caio. E sabe como é novidade... Tudo que é mina ficou agitada. Haja disputa! Tininha, mesmo sendo maluquinha pelo Élder, não resistiu à tentação. Meio que de brincadeira, deu uma facilitada. Caio não devia nada a ninguém, não tava nem ligando se a gata tinha dono ou não. Numa balada, aproveitou um descuido do Élder, arrastou Tininha pra um canto e não perdoou, deu-lhe aquele amassoA turma de olho, levou o Élder pra ver a cena. Fim de linha pra esse romance!

A vida seguiu seu curso. Tininha mudou-se e perdemos o contato.
Um dia, encontrei-a por acaso, quando fui revelar uma foto de nossa galera (não tinha máquina digital ainda), ela passou os olhos pela turma procurando seu ex, já tinha uns dezoito anos, trabalhava e tudo. Agora que tava boa, meu! Que pernões! Difícil não olhar pra aquilo tudo! Onde foi mesmo que parei? Ah! nas fotos. Pois bem, ela olhou a foto do gato e falou: "Ele foi o cara certo na hora errada". Será que você pode enxergar a sabedoria dessa frase?

Quem condenou a Tininha, não entendeu uma coisa: era só uma menina num corpo de mulher.
Que pena não se encontrarem um pouco mais tarde... foi mal!

Tchau!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Espelho Meu


ESPELHO MEU
Começa sempre assim, ela, que já demorava um tempão pra se aprontar, passa a dobrar o tempo ou triplicar. Sim, porque nunca está satisfeita com o visual. E não adianta dizer pra ela: “Tá uma gata!” minha opinião não vale nada. Ela só aceita a opinião do espelho, às vezes nem isso.
Compra montes de revistas de moda, fica horas olhando as modelos perfeitas... nem passa pela cabeça dela, que existe photoshop para deixá-las sem defeito algum. Na frente do espelho, ela copia as poses das modelos e daí pra constatar que precisa perder 2 quilinhos é um abraço!
Isso aconteceu com minha Betina, a gata que era a top model do meu coração. Juro, não tinha nada errado com ela... tava tudo no lugar! Mas aí, o bicho pegou!
Se a gente saía para jantar, ela ficava ali,  parada feito uma múmia, o máximo, comia umas folhinhas, e olhe olhe! “Pizza!? Nem pensar! Tá doido!?” Na rua, no shopping, na balada, praticava uma nova modalidade de esporte: arremesso de ironias. Toda mulher que passava, ela dava uma nota: “Essa é muito gorda, essa é muito feia, essa outra... Ih! Que breguice!” Quando não era isso, a inveja aparecia: “Ai meu Deus! Tenho que ficar igual a ela!”.
Pensei que fosse passar, pensei mesmo. Que nada! 
A coisa só foi piorando, até que o Alexezinho aqui, não aguentou mais. Caí fora. 
Fiquei mal. A mina pirou, meu! Por quê isso acontece, caraca!? Parei pra pensar: será que nós homens não temos nossa parcela de culpa por fazer as mulheres acreditarem que precisam ser perfeitas para nos atrair? E alguns pais, não pegam pesado quando as garotas estão fora dos padrões? Com garotos também, mas é mais leve. A mídia, então, com sua apologia à beleza física... Acho que tudo isso junto contribui para prejudicar a autoestima das garotas. Covardia...
Daí comecei a reparar nas menos privilegiadas: as cheinhas, as baixinhas, as menos bonitas. Acabei me aproximando de algumas delas. Tem um monte de carinha morrendo de vergonha só porque estão ligados em garotas desse tipo. Mas tem quem não tá nem aí, assume numa boa.
Entrei num grupo onde a maioria estava, digamos, fora dos padrões. Nunca me diverti tanto! Laurinha era a mais legal de todas, pelo menos para mim. Só que, tinha acabado um namoro há pouco e ainda gostava do ex. Resolvemos nos consolar. E foi que foi, devagarinho, fiquei amarradão! Era bom demais conversar com ela, dançar com ela, e... não entremos em detalhes.
Às vezes topávamos com a minha ex, ou com o ex dela. Eu nem queria imaginar o que se passava na cabecinha de minha ex-top model. Coisa boa não era!
Porém, o ex da minha Laurinha, vendo-se ameaçado, partiu pra disputa e eu perdi. Paciência!
Certa noite, tava eu sozinho num bar, triste pra caramba, quando alguém tocou em meu ombro. Era Betina. Meio sem jeito, sentou-se ao meu lado, e começou com um papo estranho. Falou que conheceu a Laurinha e gostou muito dela. Lamentou por eu a ter perdido. Eu, heim!... Disse que falaram sobre mim e que Laurinha via coisas em mim, que ela nunca havia reparado antes. Já pensou?

Entre outras coisas, contou que perdera não dois, mas três quilos, e isso não mudou nada em sua vida. Estava com um psicólogo e com uma ótima nutricionista. Agora não se preocupava mais com o peso, só em manter-se saudável. Bem, nessa eu também entraria, afinal, a gente vive se empanturrando de besteiras mesmo...
O papo foi ficando cada vez melhor e no fim da noite, dançávamos juntinhos como nos velhos tempos. Senti seu cheirinho, seu calor, sua voz falando ao meu ouvido da saudade que sentia do nosso amor. Cara... ela não tava igual, estava DEMAIS!
Não vou contar onde a noite terminou, basta dizer que foi tão boa quanto as noites com a Laurinha, se é que me entendem...
Por essas e outras, chamo sua atenção para as coisas que você anda valorizando. Deixa teu coração amar quem ele quiser, e seja feliz! Vai por mim, experiência não me falta. 

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Fui!


FUI

Juntei minha galera e fui pra balada. Ishiro, Lisa, Betina e eu, claro. Como sou mais velho, tomo essa turminha sob minha responsa.
Betina é minha gata, e estava muito gostosa naquela noite! Eu, embriagado, mas só pelo cheirinho dela. Ligadão, em seus beijos   hum!... quer melhor? Nada mal! Tudo ia bem, bem até demais. Pra que fui falar?! Não demorou, um cara marrento, começou a tirar minha mina no maior carão. Filmando-a dos pés a cabeça de forma acintosa. Puxei Betina para o outro lado do salão, quem sabe assim ele esquecia da gente ? Qual nada, o cara nos seguiu, só que dessa vez veio com uma garota parecida com ele, quero dizer, vestidos no mesmo estilo e tatuados. O problema não era esse, mas a atitude provocante que assumiram. Volta e meia trombavam conosco.

Fiz o possível para evitá-los, mas logo percebi que seria inútil, gente desse tipo sai de casa com uma única intenção: arranjar encrenca! Ainda bem que era minha noite de abstinência, pois ia dirigir. Dessa maneira, com a cabeça fria, tinha o controle sobre os meus atos. Engraçado, quando estamos sóbrios, vemos o efeito do álcool nos outros com maior clareza. E o cara já havia entornado todas! Procurei Ishiro e Lisa, eles dançavam animados cada um com seu par.
Lastimei ser obrigado a cortar a deles. Mas que jeito? Aproveitei que o marrento saiu para terminar de "encher o tanque" e avisei meus amigos, da necessidade de interromper nossa festa. Ninguém gostou, nem mesmo Betina. Será que ela esperava que eu fosse bancar o herói ?Já no carro, vendo-os de cara amarrada, chamei-lhes a atenção:
Vocês estão querendo virar manchete nos jornais ? Um cara desses não se garante sozinho. Atrás dele vem pelo menos mais uns três ... Não disse ? Deem uma olhada! Na porta da boate, vimos nosso possível agressor nos procurando, acompanhando é óbvio de sua turma de marrentos.
 Mas Alex, você luta capoeira e taekwondo  falou Ishiro  eu também me garanto...Era a hora de ser mais explícito:
 Escute bem e vê se entende de uma vez: nós saímos de casa para nos divertir, essa turma saiu para encontrar vítimas. Gente que pensa como você Ishiro, que pensa que pode enfrentá-los. Nós agimos com ética, eles com covardia. Viu quantos são ? Cinco ! Ouviu bem ? Cinco! Devem ter armas, além deles mesmos já o serem. São bombas humanas, carregadas de um ódio insano, sabe-se lá do que! Nossa melhor defesa é nos afastarmos o mais longe possível deles. Amanhã, nossos pais não estarão chorando em nossos velórios! Entendeu ou quer que eu desenhe ?
Betina encostou a cabeça no meu ombro e falou carinhosa: "Alex, você é o cara, eu te adoro!"
 — Eu sou pela vida!... Tô afim de ficar por aqui um tempão. Tá ligado?

Oi galera! Sou Alex!

Já ouvi muitas coisas sobre mim. Que tenho complexo de Peter Pan, sou maluquinho, meninão, garotão... depende de quem fala. Mas também, dizem de uma boca só: é um brother, tudo de bom. Eu cá, não ligo muito para o que dizem; só quero que me amem e contem-me suas histórias. Desde meus quinze anos persigo a carreira de detetive particular. Isso mesmo que você ouviu, acho maneiro. Também me amarro em fazer pesquisa de campo, tipo censo, mercado. Quer melhor contato com a realidade que este ? Tem gente que só está querendo achar quem os escute, aí, eu não resisto, paro mesmo pra ouvir! Nasci num livro, cheguei assim, desse jeitinho, entrei sem pedir licença... Ela lá que estava escrevendo, nem se deu conta. Não me programou, quando pensou que não, tava eu lá aprontando das minhas e resolvendo casos. Pegando os adúlteros no flagra. Bobeou, tava na mira! Fui sombra de um detetive de verdade pra aprender as manhas da profissa. Li livros do gênero, vi tudo que foi filme, mas aprendi pra valer foi prestando atenção à minha volta. Meu, se liga! Olha no olho, saca as reações. Esse negócio de que "o corpo fala" é de fé, meu. É só se ligar. Quer saber qual é a minha ? Ser legal, dar dicas, mostrar que sempre houve e sempre haverá gente aprontando, dando mancada, errando ou acertando; mas principalmente dando lições de vida. Cola na minha, tenho certeza, você vai se ver em alguns desses personagens que vou retratar. E olha, são baseados em casos reais, mudam os nomes e os lugares, pra não dar bandeira, sacou? Eu fui "inventado" mas pode acreditar, sou imagem e semelhança de muita gente ... Sabe o que mais ? Amigo é coisa muito boa e pra gente ser completo, nunca deve fazer distinção. O que nos enriquece. de verdade, é tê-los em todos os níveis, vai saber quando a gente precisará de uma mãozinha daquela pessoa que julgávamos tão simples e insignificante? Pra compreender esse mundo maluco, temos que ouvir e ser ouvidos, por gente madura, da mesma idade ou bem mais jovem, as crianças também, elas não têm filtro, falam o que pensam. Todo mundo tem algo para nos ensinar. De vez em quando estarei por aqui, contando uns casos, interessantes, engraçados, românticos ou simplesmente falando sobre comportamento. É acessar. E lembre-se, sou Alex

Nota da autora: Alex, sua garota e seus amigos irão protagonizar casos hipotéticos entremeados com os reais. Chamo a isso colcha de retalhos. É o formato usado para atualizar os temas. Sempre surgirão novidades conforme as voltas que o mundo vai dando. 

Sobre a obra

 Alex é meu porta-voz, meu filho virtual. Ele, a despeito de sua juventude vibrante, é ético e sensato como gostaríamos que todo jovem fosse. Como nós, ele tem problemas e conflitos, no entanto, para enfrentar seus dilemas é munido de um dispositivo que dispara um sinal de alerta. Sem medo de ser julgado, procura agir de acordo com sua consciência, visando o bem geral ou o menor dano possível. Alex comunica-se com uma linguagem simples e direta.E cheio de gírias! Foi criado em 2006, mas seu surgimento remonta ao ano de 1996. 

Infelizmente, nem sempre seguimos seus passos, não usamos o que nos difere dos outros animais: a razão. Todavia, utilizamos outro de nossos atributos: a liberdade de fazer escolhas. E não raro, a empregamos de forma errada.

Como assim ? Você pode perguntar. Eu já respondo.

O bicho-homem costuma agredir sua própria natureza; fuma, bebe, come demais ou de menos, rouba, mata, mutila, reprime, desrespeita etc. etc. etc. E nada disso tem como objetivo a preservação de sua espécie. Ele, único ser com a faculdade de aperfeiçoar-se - diferente das outras espécies que repetem mecanicamente uma mesma programação - desenvolve magistralmente suas habilidades na busca da satisfação individual e imediatista, contribuindo dessa maneira para sua auto-destruição; sua falência física e psicológica, gerando o caos incontrolável que nos assombra hoje. Com ele, arrasta todas as outras espécies viventes.

Para juntar-me aos que buscam amenizar esses males, escolhi o Alex, que tenta desesperadamente colocar um pouco de ordem na casa. Desmistificando conceitos pré e pós estabelecidos, criando paralelos entre o atual e o antigo, divertindo, chamando à razão e principalmente torcendo para que, em algum momento de sua vida, você faça uso de seus ensinamentos.

Sinta-se a vontade em dizer: "vou fazer como Alex".
Nota da autora: Revisar "Sou Alex" é saber como eu pensava quando o criei. Será que é muito diferente do que eu penso agora? É o que veremos.

Quem sou eu? Um pouco sobre a autora

Eu, Eliane Mesquita Silva, nascida no Recife - PE, no ano de 1950, no início da primavera, minha estação preferida do ano.

Ofereço-lhes esta humilde contribuição. Como o colibri, tentando apagar o incêndio na floresta, estou fazendo a minha parte.

Desde criança, desenho histórias em quadrinhos - quando ainda não era moda - e escrevo pequenos romances. Nunca publiquei nenhum, perderam-se no tempo, pois como muitos, fiz escolhas erradas. Coloquei o trabalho remunerado e informal, acima de minhas aspirações artísticas. Na verdade não acreditava nelas.

Recentemente recebi forte inspiração e escrevi o livro "Nunca em minha vida", em fase de digitação, de onde Alex surgiu, ao mesmo tempo, comecei a melhorar meus desenhos. Tenho concluído, apenas o segundo grau. Meus conhecimentos vêm da leitura, da observação atenta do comportamento humano, colhidos em minhas andanças, nos trabalhos de pesquisa de mercado e nas pesquisas do IBGE que participei; nos amigos, amigos de minhas duas filhas, de meus sobrinhos, e em tudo que ocorre aqui e além de nossas fronteiras. Meus vizinhos, das duas Capitais onde morei e moro, Recife e João Pessoa, também contribuíram para ampliar meu campo de observação; a tv e a internet é claro, que me conectam com o mundo.

Minhas ferramentas: - Tendências naturais, curiosidade compulsiva, livros diversos como filosofia, holística, psicologia, mitologia, romances, etc; utilização de todo e qualquer contato no enriquecimento de meu aprendizado. E finalmente a capacidade de não apenas ver ou ouvir, mas de sentir e assimilar.

Faça bom proveito do "Sou Alex" e divulgue-o se gostar.

Um conselho nada original mas porém válido: acreditem em seus sonhos!

Para minhas filhas, genros, sobrinhos, netos, sobrinho-neto, irmãos, amigos e todos os jovens desse "continente" chamado Brasil.

Agradecimento especial para meu lindo sobrinho Fábio Augusto por sugerir-me a idéia que abracei com todo meu corpo, mente e coração. E para seu irmão não menos belo, Marco Túlio, que está colocando "Sou Alex" no ar.

Amo vocês!