
IDEIAS NOVAS PARA CONCEITOS ANTIGOS OU CONCEITOS ANTIGOS PARA IDEIAS NOVAS?
HISTÓRIAS QUE SEUS PAIS ESQUECEREM DE CONTAR
— Oi Alex, tá com tempo?
— Todo Liza, manda ver.
— É que tive um papo bastante revelador com a mamãe. Sabe, já tenho dezoito e nunca havíamos conversado sobre certos assuntos... Tido um papo, tipo assim... cabeça. Descobri que não sabia quase nada sobre a juventude dela.
—Também, fechada como ela é...
— Sempre que eu tinha um problema, preferia contar com a mão da Lê, esta sim, é mais aberta, entende a gente, fala inclusive de seus próprios erros.
— Sei, Liza, mas nem todo mundo tem a mesma capacidade de expor sua vida, algumas mães, temem perder o respeito dos filhos, principalemente se consideram ter cometido deslizes quando jovens. Temem que as filhas as imitem.
— Mas nem sempre isso ocorre. Vê bem, minha mãe nunca me perguntou se sou ou não virgem, com medo da resposta. Como se, não saber, mudasse a realidade, imagine... Mas hoje, ela foi honesta e bem franca. Falou que estava bem no olho do furacão quando as mulheres começaram a se emancipar. Quer dizer, na idade em que os hormônios afloram. Foi aí que surgiram os primeiros anticoncepcionais, lá pelos anos setenta. Então, nessa época virgindade era o maior tabu. As moças "se perdiam", já pensou? Quem não era virgem tava perdida!
— Dá só um tempo, Liza, o Ishiro tá vindo aí, será que ele pode participar dessa conversa? Ou mudamos de assunto?
— Claro que não. Essa é uma de nossas conquistas: poder compartilhar qualquer assunto com os amigos, sejam garotos ou garotas. Só não vamos citar nomes, Ok?
— Chega aí Ishiro, estamos falando sobre os coroas, tá a fim?
— Pode crê, meu coroa veio com um papo sinistro, querendo saber sobre minhas companhias, sobre drogas, experiências sexuais... A vida é minha! Não acho que deva contar nada pra ele.
— Calma aí, gente! Vamos combinar que temos aqui um impasse: Uma reclama da falta de diálogo com os pais, o outro se sente invadido quando o pai mostra interesse por sua vida, qualé?! Estamos em pleno século XXI — grande coisa! — Vocês sabiam, que apesar disso, tem gente vivendo na idade da pedra? Simbólica e literalmente.
— Idade da pedra?! Fala sério, Alex!
— Gostei do corinho. Vocês dois estão bem afinados, mas é isso mesmo. Há tribos indígenas onde o homem branco nunca pisou. Como acham que eles vivem? Porém tem gente civilizada ainda pensando a agindo como trogloditas. Voltemos ao tema. Liza, você já deu um passo à frente com sua mãe. Continue. Ishiro, seu pai não faz mais que a obrigação dele quando o interroga. Talvez ele não tenha usado o método correto, já que você se sentiu pouco à vontade, mas você pode melhorar a comunicação entre os dois. Se liga, meu! Quando seu pai tinha a sua idade, sabe como os pais dele agiam? Sabe não? Meus pais me contaram. Quando o rapaz completava seus dezesseis anos, recebia do pai, uma carteira de cigarro e um convite para irem juntos a um bordel. Isso mesmo que você escutou: UMA CARTEIRA DE CIGARRO! Essa, era a prova de masculinidade exigida na época. Já com as filhas, a história era bem diferente. Marcação cerrada! Eles costumavam dizer: Segurem suas cabritas que meu bode está solto! Ou seja, liberdade total para os homens, repressão e intolerância para as mulheres. Liza, continue a história da "amiga" da sua mãe.
— Tá, como eu ía dizendo, virgindade era tabu, os anti-conceptivos diminuindo os riscos de gravidez fez tudo mudar, não foi rápido nem linear. No Sul e Sudeste o avanço chegou primeiro, nas outras regiões, veio aos poucos. A "amiga" da mamãe teve, pelo menos, dois relacionamentos íntimos antes de conhecer seu marido, e olha, ele gritava aos quatro ventos: "Só me caso com uma virgem!", mas aí, se apaixonou.Tá vendo como até as cabeças dos homens estavam mudando? Sabe o que mais, as gatinhas daquele tempo, usavam micro-saias — elas eram chamadas "boyzinhas"— as saias eram tão curtas, que quando levantavam o braço — no ônibus, por exemplo —, quem estava sentado via a calcinha. Imaginem quando elas subiam uma escada... Interessante, os rapazes, nem por isso, se tornavam mais ousados.

Neste período lançaram o top less, elas já "ficavam" e as mais audaciosas, transavam. Isso tudo no maior sigilo. Era o início da liberação sexual, reforçado pelo ingresso da mulher no mercado de trabalho, inclusive em áreas antes exclusivas dos homens. É...mas a mãe ficou aliviada quando lhe informei que era virgem, por opção, deixei bem claro. Simplesmente não chegou o cara certo, não ainda.
— Muito bem Liza. Você está no comando de sua vida. O comportamento das gerações é cíclico, ora avança ora se retrai, mas vai deixando seus resíduos. Não vivemos as experiências dos outros, sejam eles nossos pais ou quem quer que seja. Já pensou se fosse diferente, o que viria depois do top less? Nudez total? Quem não ia gostar mesmo era a indústria da moda. Ishiro, fala alguma coisa.
— Tava aqui pensando, Alex. Você está certo em relação aos nossos pais, eles nos amam e se preocupam com o nosso futuro. A falta de jeito com que meu pai me abordou, não justifica minha atitude: fiquei de cabeça baixa. Meu pai falando, falando e eu só balançando a cabeça, ou sim ou não. Tô indo nessa, vou levar um lero com meu coroa. Tchau pra vocês.
— Eu idem. Vou continuar meu papo com a mamãe; com o papai também, por que não? Temos que aprender juntos.
— É isso aí. Outro dia continuamos, aliás essa conversa entre vocês e seus pais, já está bem atrasadinha...tá não?
Aí... tem muitos temas para serem discutidos. Cada um, cada um. Não existe fórmula perfeita e infalível para educar e ser educado. Só existe o bom senso. Vamos tentar usá-lo.
Galera... vou encontrar uma gatona, perigoooosa! Pera só pra ver? Mas só na próxima, fui!
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